A guitarra baiana será a grande estrela homenageada neste carnaval

A Guitarra Baiana é um instrumento genuinamente brasileiro, inventado na Bahia por Dodô e Osmar, Em 1942, surgiu o “Pau Elétrico”, batizado por Dodô e Osmar com esse nome porque na época, estavam surgindo muitos equipamentos elétricos. Foi com esse instrumento que, em 1950, eles subiram em uma Fobica, como eram chamados os calhambeques, e tocaram para o povo durante o Carnaval, um tipo de música diferente, alegre e contagiante.

A partir desse momento, o Carnaval definitivamente mudou, evoluindo ano após ano. Assim também aconteceu com o “Pau Elétrico”, pois Dodô e Osmar estavam sempre em busca de uma forma melhor de tocar, de fazer com que a música chegasse cada vez mais clara para o público. Dodô era o único luthier da época, era quem fabricava os instrumentos, e com a ajuda de Osmar, na década de 60, eles conseguiram fazer um cavaquinho elétrico que não emitia microfonia, e esse cavaquinho passou a ser usado no Carnaval, ganhando então o nome de cavaquinho de trio.

A partir da década de 70, Armandinho Macêdo, filho de Osmar, músico nato, de um talento reconhecido desde muito cedo, assume o cavaquinho de trio como seu instrumento principal. Por conhecer todo o repértório tocado por Dodô e Osmar, e ter ainda as influências do rock, do jazz, do samba, do maracatu e da música clássica, Armandinho foi sugerindo a Dodô algumas mudanças no pequeno instrumento. Dodô aceitou algumas mudanças, mas não queria modernizar muito o cavaquinho, porque achava que ele ia perder a musicalidade original.

Incansável, Armandinho seguiu desenhando os instrumentos como ele imaginava, e mostrava a todos os luthiers que conhecia. Quando ele sabia de algum equipamento novo, como um tarracha, um captador ou uma madeira de melhor qualidade, ele logo comprava e mandava colocar no instrumento. No final da década de 70, quando estava nos estúdios para a gravação de mais um disco da Banda Armandinho, Dodô e Osmar – que  formava com os irmãos Betinho, Aroldo e André Macêdo – Armandinho entendeu que aquele instrumento não poderia mais se chamar cavaquinho elétrico, porque ele tinha forma e sonoridade de uma guitarra, em tamanho menor, e como ele havia pensado em todas as mudanças, a partir do conhecimento musical que tinha, ele batizou o instrumento de Guitarra Baiana, porque só existia na Bahia.

Algum tempo depois, Armandinho pediu para um luthier fazer uma guitarra especial para ele, colocando mais uma corda no instrumento, para dar um som mais grave. A partir daí, a pequena guitarra é reconhecida como sendo uma mistura de cavaquinho elétrico, com afinação de bandolim, mas com uma quinta corda, para lembrar um violão tenor. Enfim, vários instrumentos em um só. A partir de 1990, o luthier sergipano Elifas Santana passou a fabricar as guitarras dos Irmãos Macêdo, sempre seguindo as instruções de Armandinho e Aroldo, que continuam pesquisando novas sonoridades para a guitarrinha.

Armandinho Macêdo é reconhecido como o Mago, o Mestre, o Deus da Guitarra Baiana. Somente ele é capaz de tocar qualquer tipo de gênero musical com a guitarrinha. A forma com que Armandinho toca a Guitarra Baiana é tão especial que formou uma verdadeira escola entre os guitarristas do mundo todo. Até hoje, quando um músico quer mostrar que sabe tocar guitarra baiana, tem que tocar pelo menos quatro músicas do repertório da Banda Armandinho, Dodô e Osmar. Pensando nessa forma única, os Irmãos Macêdo criaram a Oficina de Música Instrumental, que é a única escola de Guitarra Baiana do mundo, e que leva o nome de Escola Osmar Macêdo. É assim que a história vai sendo passada para as novas gerações, para que a Guitarra Baiana possa ser sempre reconhecida como um dos instrumentos mais versáteis em todo o mundo.